domingo, 18 de novembro de 2012

Momento Nostalgia

Hoje resolvi remexer nas minhas lembranças...

Estava sozinha no quarto da minha infância, onde por tantas vezes chorei, sorrir, sonhei, decidi. No lugar que, por anos foi meu refúgio, minha bolha, e onde hoje tomei mais uma decisão: a de abrir as caixas que lá estavam fechadas e trancadas no fundo do armário, junto com as emoções e sentimentos outrora vividos.

Sempre tive a tendência de fingir esquecer o passado, de fingir ser capaz de deixar o passado no passado. E vou te confidenciar que finjo tão bem, que até eu acredito piamente de que foi esquecido. Mas como dizia Fernando Pessoa “sempre é preciso saber quando uma etapa chega ao final (...) encerrando ciclos, fechando portas (...) não importa o nome que damos. O que importa é deixar o passado no passado.”

Assim, inspirada pelo mestre decidi parar de fingir e enfrentar o passado, para quem sabe conseguir realmente deixa-lo no passado. E lá fui eu cheia de coragem, retirei todas do armário e comecei a abri-las.

O que encontrei foi ao mesmo tempo desconcertante e emocionante. Não sei se desconcertante seria a palavra mais adequada, mas a palavra emocionante com certeza é perfeita para o momento.

Dezenas de cartas que não me lembrava de tê-las recebido. Cartas de amigas do passado que lá ficaram, de amigas do passado que até hoje estão ao meu lado. Cartas do meu primeiro amor, que na época em que as recebi acreditava ser meu melhor amigo. Cartas do meu primeiro namorado, do período em que ele já morava no Rio e eu ainda em Cabo Frio.

Alguns poemas que me fora escrito por uma pessoa mais que especial. Não imaginava que ao rele-los sentiria a mesma emoção de quando os li pela primeira vez. Eles me remeteram a minha adolescência, me fizeram sentir como a menina sonhadora de 15 anos atrás. Nesse momento chorei, chorei como há muito tempo não chorava. Chorei com sentimento, chorei por sentimento. Sentimento que não imaginava capaz de ter.

Me assustei a encontrar um livro do Paulo Coelho guardado, mas ao abri-lo identifiquei a dedicatória mais curta e mais significativa que já recebi. Não foi à toa que o guardei. Lembrei-me do dia em que o ganhei, o desconcerto da pessoa que me deu. Sorri. Acho que sorri o mesmo sorriso satisfeito e ingênuo do dia. Aquele sorriso que encontra os olhos e ambos sorriem juntos.

Cartões de aniversário, cartões de dia dos namorados, cartões com belas declarações de amor nas comemorações de 1, 2, 3... anos de namoro. Pois é, meus namoros sempre duraram muito...

Até um poema que meu professor de literatura do segundo grau (não se chama mais segundo grau...) me escreveu. Que hoje me parece um pouco indecente, mas passei uma boa meio hora rindo ao lembrar do dia em que ele me entregou. O poema se chama “Poema da solidão ou poeminha infantil” e fora escrito de próprio punho.

Fotos, muitas fotos. De pessoas que não me recordo, de pessoas que nunca esquecerei. De amigos de uma vida e quem sabe de todas, pois, a ligação que tenho com eles é inexplicável. Fotos de churrascos, aniversários, viagens, perrengues. Fotos felizes, outras nem tanto. Registros de praia com os amigos, diversão no clube pós-praia, noitadas em Búzios. Minha melhor amiga, sua gravidez precoce, meu afilhado recém-nascido.

Memórias que por algumas horas me fizeram sorrir e chorar. Recordar um tempo em que a minha única preocupação era não me preocupar. Memórias adormecidas, minhas memórias, meu passado, minha história.

Depois de devolver tudo em suas devidas caixas, o melhor foi me dar conta que, apesar de toda nostalgia, eu reviveria todos os momentos vividos dentro daquelas caixas. Todos! E a explicação é simples: se não fosse eles eu não seria quem eu sou hoje. E eu estou bem satisfeita com a mulher que me tornei...