quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Um cafajeste em sua vida

Sabe aquele homem, aparentemente perfeito, sexy, charmoso, excelente humor, que aparece na sua vida na hora certa, no momento em que você mais esta precisando de um homem com tantas qualidades, e que no instante em que você fica de quatro por ele, o príncipe se transforma em um sapo?
Então, esse tipinho passou pela minha vida...
Tinha acabado de terminar um namoro de anos, e não estava nada acostumada com esse negócio de ficar sozinha. Assim, como toda mulher carente, me deixei envolver pelo seu jeito faceiro.
A surpresa veio dois meses após o início do affaire, no dia do meu aniversário. Pasmem! No dia do meu aniversário! Combinei de tomar um chopp com uns amigos e resolvi convidá-lo. Por que não? Estávamos nos entendendo tão bem, tínhamos uma ótima sintonia e além do mais ele era uma ótima companhia. No entanto, para minha abissal decepção, ele me respondeu que não poderia ir, pois, tinha que comparecer a um jantar “meio mala”.
Lógico que essa resposta foi um verdadeiro banho de água fria, mas sem perder a pose, e na brincadeira perguntei que jantar era essa “meio mala”, pelo qual ele estava me trocando. Se arrependimento matasse, eu não estaria aqui para contar essa historia. A verdade é que me arrependi de ter perguntado no instante seguinte e quis morrer após ter ouvido a resposta.
A resposta foi mais ou menos assim: “Nossa... é complicado... mas se eu te contar que CASEI sábado você acredita?” Tive um daqueles momentos Maísa – meu mundo caiu, minha vida acabou, me dá licença que vou ali cortar meus pulsos. Só que me peguei respondendo com a voz mais serena do mundo: “Claro que acredito, por que não acreditaria?”, e sorri o sorriso mais sincero que nós mulheres podemos dar, aquele sorriso que esconde toda a raiva que estamos sentindo.
Ah! Uma informação válida é que essa andrógena conversa ocorreu numa quinta-feira e ele simplesmente se casou no sábado e uma informação ainda mais importante é que eu saí com ele na sexta-feira imediatamente anterior ao sábado do casamento. Fato esse que me leva a concluir que eu fui a despedida de solteiro dele. MARAVILHOSO, NÃO?
Após todo esse teatro de mulher segura, controlada e superior, entrei no banheiro e chorei. Chorei amargurada, por ter sido tão estúpida e ter me deixado envolver por ele. Chorei a fúria por não lhe ter dado uma surra. Chorei o arrependimento de não ter descido do salto e lhe ter dito poucas e boas, mas eu sou uma lady, nunca desço do salto!
Depois de uns bons 15 minutos, trancada naquele cubículo de aproximadamente 1 m2 , enxuguei minhas lágrimas, lavei o rosto, arrumei o cabelo e voltei para trabalhar como se nada tivesse acontecido, uma vez que, jamais desço do salto.
Aprendi que situações como esta nos ensinam (um pequeno pleonasmo), ajudam a criar uma casca, quase intransponível, que com o passar dos anos nos ajudam a atravessar situações peculiares como esta, mas não nos impede de vivê-las.
Mas, apesar de todo o sofrimento e constrangimento pelos quais passei em razão dessa inimaginável história, ainda continuo a acreditar que é melhor viver e correr o risco de encontrar memoráveis cafajestes, como este que acabei de vos apresentar, do que me esconder em uma fenda e ver a vida passar sem vivê-la. Eu não sei viver dessa maneira. E ademais, quem nunca assistiu de camarote a passagem de um cafajeste em sua vida?