quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Consumismo Feminino

Sábado chuvoso no Rio de Janeiro e mulher solteira não combinam. Para esse pesadelo há duas soluções: suicídio ou compras. Eu que ainda tenho alguns neurônios decidi pelas compras.
Afinal, suicídio da muito trabalho, você tem que tomar o remédio certo, na quantidade certa ou, cortar os pulsos bem cortados, no seu comprimento ou, ainda, pular de um andar bem alto. Tem que ser muito bem feito, porque se não você será processada. Isso mesmo! Tentativa de suicídio é crime!
Como não faço idéia de qual remédio tomar, não teria coragem de cortar os meus lindos pulsos e ainda por cima, moro no primeiro andar, é melhor ficar com as compras!
Ocorre que, sábado chuvoso para carioca é igual a qualquer sábado de um paulista: DIA DE SHOPPING!!! E lá fui eu, ao shopping lotado fazer compras para assim impedir que minhas tendências suicidas se aflorassem (desculpa esfarrapada!).
Saldo do dia:
§ uma calça preta da Zara para trabalhar (estava realmente precisando de uma, pois, eu só tenho 3)
§ uma calça jeans da Maria Filó para qualquer evento ( essa eu não estava precisando...)
§ um lenço lindo da Josefina, super na moda. Pequeno, na cor creme com umas bolinhas marrons. Próprio para amarrar ao pescoço, com um nozinho bem delicado. (Super chique! Pena que nunca usarei)
§ três blusas maravilhosas e simples, da Folic, nas cores preta, branca e marrom, para combinarem com o lenço que nunca usarei.
Ao voltar para casa me deparei com outra situação desesperadora: NÃO TENHO ONDE GUARDAR MINHAS ROUPAS NOVAS! Meu armário está tão lotado de roupa... Oh Deus onde vou colocar tudo isso?
Tive uma ótima idéia (a princípio, depois virou um pesadelo!): fazer uma limpa no meu armário. Assim, tudo que estivesse atravancando meu armário viraria doação. Ótimo! Doarei tudo que não tiver mais utilidade, ao menos para mim, a pessoas necessitadas.
Vou pular a parte em que ainda achava uma ótima idéia fazer uma “big” arrumação nas minhas roupas, para o início do pesadelo, ok? Resolvi começar pelas gavetas (grande erro!). Na primeira gaveta aberta, me deparei com vários acessórios de academia, todos com a etiqueta, ou seja, intocados.
Demorei um pouco a me lembrar porque tinha comprado todas aquelas coisas. No mês passado decidi que precisava voltar a malhar. ‘Santo Deus! Meu braço está mais mole do que o da minha vozinha.’ Ah, só um detalhe, sou muito exagerada, mas muito mesmo. É obvio que o meu braço não estava tão mole assim, ohh ainda sou uma menina, ok?
Assim, precisava arrumar uma desculpa para a minha preguiça, ou seja, como sou muito preguiçosa, preciso enganar a minha preguiça e isso funciona mais ou menos assim...
Preciso acostumar a acordar cedo. Então, não vou lavar o cabelo hoje à noite, pois, serei forçada a acordar mais cedo para lavar o cabelo antes de ir trabalhar: não funciona e eu acabo indo trabalhar com o cabelo sujo.
Preciso terminar esse trabalho hoje, pois, amanhã não terei tempo e o prazo está apertado. Então, só vou dormir quando finalizar o trabalho. Nossa são 23:30, estou morta. Já sei! Vou dormir agora e colocar o despertador para as 5:00 da manhã, assim, poderei trabalhar até as 7:30, tempo suficiente para terminar o trabalho antes de ir para o escritório: acordo às 7:30 atrasada.
Moral da história: A minha preguiça tem alguns neurônios a mais que eu!
Então, decidi que iria comprar todos os acessórios necessários para malhar (calças, tops, blusas, tênis, meias...) e pagar seis meses antecipados. Dessa forma, eu ficaria com peso na consciência e não faltaria um dia se quer a academia. Dos 40 dias que passaram, fui 2 a academia, não estreei 1/3 dos acessórios comprados e eles estavam entulhando as minhas gavetas.
E agora o que vou fazer com todas essas coisas? Hum...já sei. ‘Alô, Cla? Tudo bem amiga? Escuta, eu comprei vários acessórios de academia, tops, calças...só que como estou mega enrolado no trabalho não vou conseguir usá-los, então, você gostaria de ficar com eles? Hum...ótimo! Te espero! Ok! Bjs!
Ok, primeiro obstáculo ultrapassado. Das gavetas consegui ainda eliminar 7 blusas, duas ainda com etiquetas (também, aonde eu estava com a cabeça quando comprei uma blusa rosa CHOQUE e outra amarelo OVO???), 12 meias-calças (todas furadas ou com fios puxados), calçinhas, sutiãs e algumas peças do Ex que ainda estavam assombrando meu apartamento.
Quando cheguei no armário, propriamente dito, que pesadelo! Isso não estava acontecendo, como eu podia ser tão...tão...LOUCA??? 5 calças que eu nem lembrava que existiam, 2 casacos horrorosos (que nem minha avó usaria), 3 tailleurs (ainda com etiquetas), Santo Deus! Eu odeio saia!!! Onde estava com a cabeça quando comprei esses tailleurs? Isso tudo porque eu ainda nem cheguei nos sapatos...
Cabeça? Eu tenho uma? Tenho sim, só que vazia, ou melhor, repleta, repleta de VÁCUO! Por isso minhas contas nunca fecham! Estou sempre no vermelho no banco, devendo ao cartão de crédito. Gastando boa parte do meu salário pagando juros. Ai, ai, ai...o que vou fazer?
Não tenho dinheiro para pagar todas minhas contas. Não consigo parar de comprar. Ah, me dêem um desconto, sou solteira e não tenho vida pessoal, vivo para o meu trabalho, a única diversão que tenho é comprar... (se bem que isso não é muito verdade...)
Se eu ainda fosse como a Becky Bloom podia fazer um bazar e vender todas essas coisas lindas, que eu adoro, mas são desnecessárias... Não elas não são desnecessárias, elas deixam o meu ego muito feliz e não é isso que importa na vida? Ser feliz?
Eu sei vocês tem razão! Eu seria mais feliz se não tivesse dívidas. Realmente seria tão bom conseguir guardar algum dinheiro, para emergências, sabe? Concordo com vocês, não precisam me olhar assim, de hoje em diante eu só gasto dinheiro com o estritamente necessário. Estou em greve para compras e saidinhas com os amigos!
Ohh...meu telefone...onde ele está? Alô! Oi querida! Como você está? Eu, humm, mais ou menos, estou meio enrolada...Ah, quem vai? Sim! Ele também? Que legal! Uhum...uhum...Ok, ok, te encontro lá. Eu estou mesmo precisando comprar umas maquiagens e lá tem uma loja maravilhosa!!!
Acalmem-se queridas eu não estou louca não! Preciso levantar o meu astral um pouquinho! Amanhã começo a minha greve. Afinal eu não tenho dinheiro, mas tenho CRÉDITO!

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Crise dos 30

Estou na fase do ‘Oh meu Deus! Tenho quase trinta e...’ Quando era mais nova tinha certeza que isso nunca iria acontecer. Eu, entrar na crise dos 30? Jamais!
Não conseguia conceber a idéia de uma mulher independente, culta e superbem resolvida (como eu é claro!) se deixar entrar na crise dos 30! Se deixar sim, porque só entra quem quer! Ou vocês esqueceram do ‘livre arbítrio’? Todas nós o temos. O engraçado é que quando se trata de nossas emoções não conseguimos usá-lo. Às vezes, me pego pensando que nem tentamos usá-lo. Mas é obvio, a dramaticidade faz parte do caráter feminino. Exatamente! E o que seria de nossas vidas sem drama? Por isso, gostamos tanto das novelas de Manuel Carlos. Porque amamos um bom melodrama!
A verdade nua e crua é: não usei meu livre arbítrio, sou louca por tramas (não que eu goste das novelas de Manuel Carlos!) e me deixei entrar na horrenda crise dos 30!
Quase todas as minhas amigas, que graças a Deus não são poucas! Xiii...ou será que seria melhor se não fossem tantas? É melhor deixar esse ponto para uma próxima discussão, ok? Quase todas as minhas amigas de quase 30, de 30 ou de mais de 30 estão casando, casadas ou tendo filhos. Não estou nem levando em consideração as que já estão casadas e com filhos pré-adolescentes. Deus, eu tenho um afilhado de 10 ANOS!!!
Todos os dias eu me pergunto, o que será de mim? O que acontecerá com a minha vida? Encontrarei o homem da minha vida? Terei filhos? Porque vocês conhecem a lei de Murphy e, se alguma coisa pode dar errado, com certeza dará!
Quanto tinha 18 anos, tinha que estudar, me formar. Aos 24 tinha que consolidar minha carreira e estabilizar minha vida financeira. Aos 29 tenho que me casar (MAS QUE MERDA!). Depois dos 30 terei que ter filhos, uma penca deles, quanto mais melhor (MERDA, MERDA, MERDA!!!).
MAS QUE MERDA DE SOCIEDADE EXIGENTE!!! Desculpe, mil desculpas, acho que me excedi um pouco, mas, só um pouquinho! Vocês compreendem, né? Com certeza compreendem...
Eu não quero me casar e, eu não quero ter filhos... Não que eu não queira ter uma pessoa ao meu lado para compartilhar bons e maus momentos, blá, blá, blá...O problema é que junto com essa pessoa vem a obrigatoriedade de formar uma família e o resultado disso é: FILHOS!
Normalmente eu me acho louca. Como assim, não quero ter filhos? Não quero sentir um pequeno ser humano, lindo, crescendo dentro de mim? Não quero ter uma pessoinha que eu poderei chamar de minha pelo resto da vida? E pela vida da qual eu serei eternamente responsável? Deus, como eu não quero isso!!!!
Quando penso nesses detalhes, todos os pelos do meu corpo ficam irisados. Sobe um arrepio pela minha coluna, que começa logo acima dos meus quadris e vem subindo até o pescoço, para no momento seguinte adormecer meu ombro esquerdo. E quanto mais nervosa eu fico com a possibilidade de vir a ser mãe, mais a dormência vai aumentando e, vem descendo pelo meu braço esquerdo até atingir as pontas dos meus dedos.
Ok, ok, podem dizer: NOOOOSSA ESSA MULHER É LOUCA, COMPLETAMENTE LOUCA!
Infelizmente, eu não consigo controlar meus pensamentos e quando penso em filhos, penso em como é carregar uma pessoinha linda dentro de você, que mesmo antes de nascer, vai tirar suas noites de sono, pois, ela passará a noite sentada em sua costela, o que te impedirá de respirar direito.
E na hora do parto, como uma pessoinha de 3 quilos (ou mais!), com aproximadamente 50 cm, saíra de dentro de você? É assustador! Eu sei! E o pior ainda está por vir. Depois do nascimento, você não terá mais vida, as suas necessidades ou as do seu marido, não terão mais importâncias. Você deixará de viver a sua vida e passará a viver a vida de seu filho. Você não estará, mais, sozinha no mundo! Claro que não! A aflição e a preocupação de uma mãe estarão sempre com você.
Tive algumas idéias para amenizar o meu sofrimento. Como já disse não quero estar sozinha, só não quero ter filhos! Então, pensei na possibilidade de ter um marido com filhos. Mas logo desistir, porque marido com filhos leia-se: Marido com filhos e EX-MULHER! E ex-mulher não é algo que me agrada muito...
Um dia acordei com a solução para meu problema, teria uma marido vasectomizado! Isso mesmo! Uma solução perfeita. Ele não poderia ter filhos, dessa forma, não me cobraria por um e, se futuramente decidíssemos ter um, poderíamos adotar. Claro! Adoção. Existem tantas crianças sozinhas no mundo. Já até me via colocando um anuncio nos jornais de grande circulação: “Procura-se pretendente para marido VASECTOMIZADO!”. Fiquem calmas, foi só um delírio...
Outra possibilidade, um pouco mais radical, seria mudar de lado. Desistir da cobra com a aranha e partir para aranha com aranha. É isso mesmo! Quem sabe virar lésbica, não seria a solução? Não estou brincando, já considerei essa hipótese, mas não...não serve para mim! Eu realmente não gosto de BACALHAU!!!
Todo esse melodrama digno de uma novela mexicana, eu chamo de: A crise dos 30 às avessas! Como já disse procurei muitas soluções. Todas, nada práticas, mas, que funcionariam. Pelo menos no fantástico mundo de Bob! Como não vivo no fantástico mundo de Bob, mas, no terrível mundo de Patrícia, decidi por procurar ajuda especializada. Isso mesmo! Vou fazer análise e, quem sabe não perco esse pavor de ser mãe e me torno tão louca quanto às outras mulheres no mundo!
Desculpe minha indelicadeza! Quem sabe não me torno tão NORMAL quanto às outras mulheres do mundo!