terça-feira, 26 de abril de 2011

Descobertas...

Em um momento de necessidade de autoconhecimento. Em um momento em que preciso fazer escolhas, e quero fazê-las da melhor maneira, resolvi viajar. Resolvi que uma viagem pela Europa, sozinha, seria uma boa escolha a se fazer antes de começar a fazer as escolhas necessárias para uma vida.

Assim, decidi a data, comprei as passagens Rio-Paris/Paris-Rio, preparei um belo roteiro, com cidades onde poderia comer e beber com qualidade, passear, fazer compras e pensar, principalmente pensar. Coloquei na mala tudo que precisava para passar um mês na Europa, e aqui estou eu.

Primeira barreira foi arrumar a mala. Colocar tudo que eu preciso para passar um mês na Europa não é fácil. Porque para passar um mês na Europa eu preciso praticamente de todo o meu guarda-roupa, do meu perfume favorito, do meu xampu e do meu condicionador de estimação, do reparador de pontas, do creme antiage para o rosto, do creme para o contorno dos olhos, do hidratante para as mãos, do hidratante para os pés e pernas, do creme especial para unhas e cutículas (não podemos esquecer que fazer unha na Europa é quase impossível), e claro do hidratante para o corpo.

Lenços, muitos lenços, pois, Europa e lenço têm tudo a ver. Meias-calças, bota, sapatilhas, calças, saias, blusas, casacos enfim, tudo que uma mulher precisa para sobreviver fora de casa. Tarefa difícil, mas consegui. Até achei que me superei, coloquei tudo isso em uma única mala que pesa um pouco mais que dezenove quilos. E se levarmos em consideração que a mala pesa 40% do meu peso, que eu terei que carregá-la sozinha por 8 cidades e 6 países e que eu realmente preciso de tudo que está dentro dela, foi um bom negócio (eu espero!).

A segunda barreira foi o meu medo de avião. E para minha grande felicidade o mundo resolveu desabar sobre o Brasil na noite da minha viagem. Resultado as primeiras horas de vôo, sentada, cintos atados e avisos de zonas de turbulência a todo o momento. E assim fui eu sacudindo até Paris.

A terceira barreira? Estou passando por ela e acho que a mesma durará toda a viagem. Porque a terceira barreira é estar fora da minha zona de conforto, estar longe da minha família, da minha casa, dos meus amigos, do meu país. Não sou uma grande apreciadora de mudanças, e vamos combinar que um mês, sozinha, em outro país, em outra cultura é uma mudança e tanto em qualquer rotina.

Descobri que preciso deixar o passado no passado, esquecer fantasmas, fechar algumas portas e abrir outras. Esquecer um amor e conhecer outro. Cicatrizar feridas e assim aprender a lidar com as próximas. Fechar um ciclo e começar outro. E para isso é preciso deixar alguns medos para trás. O medo de viver e o de não viver, o de amar e o de não amar, o de ser feliz e o de não ser. Medos, medos, medos...

Mas antes, preciso me conhecer melhor, conhecer meus limites e quem sabe ultrapassá-los. Se eu fiz a escolha certa, me pergunte em maio quando eu voltar para o Brasil. Quando eu voltar para minha zona de conforto. Mas uma coisa posso lhes dizer, que superei o medo de viver, pois, aqui estou eu na Europa, sozinha, vivendo cada minuto possível e desvendando um lado da vida até então desconhecido. E o melhor, descobrindo que posso muito mais do que eu imaginava.

Hoje, no meio de tantas descobertas, descobri que a vida sem descoberta não é vida é apenas uma passagem. E se depender de mim as descobertas só estão por começar...